6ª edição
2024

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Brasil-ES/Alemanha,
2021,
13 minutos

Especial Mubi | Transviar (Cabíria 2022)

Classificação indicativa: Livre
Documentário
Sinopse

Carla nasceu na tradição das paneleiras de barro. Mulher transexual, Carla é filha, neta e bisneta de paneleiras, aprendeu a modelar as panelas como modelou sua identidade. Transviar é sobre romper as regras e sobre os encontros através do manguezal.

Trailer
Ficha técnica

Com: Carla da Victoria

Direção, Roteiro e Produção: Maíra Tristão 

Produção Executiva: Maíra Tristão e Gustavo Senna

Assistência de direção: Mirela Morgante

Direção de fotografia: Maura Grimaldi e Maíra Tristão

Edição: Maíra Tristão e Patricia Black

Correção de cor: Willian Rubin

Design de som, edição e mixagem: Gisele Bernardes

Foleys: Gisele Bernardes e Marcelo Shimu

Arte: Maura Grimaldi

Design de som, edição e mixagem: Gisele Bernardes

Foleys: Gisele Bernardes e Marcelo Shimu

Arte: Maura Grimaldi

Curiosidades
  • Filme exibido no Cabíria Festival 2022 e selecionado para o Especial Cabíria na Mubi.
  • Selecionado para a 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes
  • Gravado em filme 16mm
  • Protagonizado por uma mulher transexual filha e neta de paneleiras do tradicional bairro de Goiabeiras, em Vitória, no Espírito Santo
  • O bairro é conhecido por suas panelas de barro, feitas à mão e cujo processo artesanal é reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como um Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil

Crítica por Beatriz Henriques @bc_henriques 

O gênero e o barro

Em “Transviar” (2021), documentário mais recente da diretora Maíra Tristão, o espectador é apresentado à tradição das paneleiras do Espírito Santo por meio da experiência de Carla da Victoria, mulher trans que faz parte de uma extensa linhagem de paneleiras.

O tema das paneleiras já havia sido abordado na obra de Maíra na bela webserie “Ser Mulher” (segunda temporada, episódio 3), em que divide a direção com Mirela Marin. Em Transviar, no entanto, esse retorno ao bairro de Goiabeiras no Espírito Santo, em que se concentra a atividade dessas mulheres paneleiras tem menos a ver com a arte e organização dessas trabalhadoras, e mais com um olhar sobre como as experiências pessoais de Carla se entrelaçam com o seu ofício, botando em evidência outro tema importante nos trabalhos da realizadora, que é a questão de gênero.

Filmado em 16 mm, o curta intercala sequências do manguezal do qual a arte das paneleiras depende em parte, cenas do galpão em que se dá o dia a dia dessas profissionais assim como closes de Carla em momentos de trabalho e outros mais pessoais. Sua narração em voice over reflete a oscilação da câmera, ora nos contando como se iniciou na tradição de sua família, que remonta à sua bisavó, ora descrevendo seus vínculos familiares e sobre sua relação com seu gênero. 

Por meio do jogo de imagens em que o foco está nas mãos de Carla, em um primeiro momento trabalhando o barro e em outro delineando sua sobrancelha ou pintando os lábios de batom, somos convidados a refletir sobre a relação que o moldar tem na vida de Carla, e, de forma mais abrangente, o que essa metáfora visual pode nos dizer sobre a expressão de gênero. A relação do indivíduo com o corpo também está presente num jogo similar, em que os pés de Carla são sua força de trabalho, mas, ao mesmo tempo, foco de autocuidado. 

Sem nunca cair em uma armadilha de objetificar o corpo trans, o curta é uma instigante proposta de reflexão e discussão de gênero na sociedade.

Direção

Maíra Tristão é pesquisadora, produtora e realizadora audiovisual. Cientista social, mestra e doutoranda em comunicação, pesquisa a atuação das mulheres no cinema latino-americano. Já realizou diversos curtas-metragens e séries com exibições nacionais e internacionais, com temáticas sociais e de gênero. 

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